quarta-feira, 30 de novembro de 2016

A fuga da palavra 11

(À minha princesa de Itabira, Solange, Terra natal do poeta Carlos Drumond de Andrade
 
Que é um poema? A palavra feita carne como
eu amo a poesia de uma maçã muito verde,
os laços da vida com a minha pretinha
 
vamos, pomar amado nos teus seios vegetais
vem do mar, na onda primeira da madrugada
a água cobre-te o corpo, a carne da palavra,
o cristal do osso do luar em cada momento,
em cada lugar em que nos sonhamos
 
vamos às casinhas, ficam bem nesta avenida do
oceano, todos alegres, vamos pelas pernas acima,
as mãos quentes, num comboio de esperança
 
chegaremos a casa no primeiro de Agosto, é a fome,
apontamentos, esboço do namoro, escritas no corpo,
no banho e no quarto
 
iremos depois ao império das Mesquitas
quebrar a união do príncipe, saberás amor
nesse dia debaixo das arcadas do palácio
o sol e a sombra da rua inteira – vale do amor,
abre por fim a romã, língua afiada pela poesia
em toda a relva curta e molhada, dura e cristalina.
 
José Gil
 
23 de Janeiro 2016

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