quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Fuga da palavra 9

(À minha princesa negrinha, Solange) 
 
Segura todas as maçãs verdes na saia curta,
O teu olhar sobe das botas altas de montar
 
A cadeira é dura como os teus olhos num quadro 
naturalista, épico, sensual em Itabira. é Janeiro 
nos algerozes da esperança no teu ventre,
altas as pernas na mesa torneadas, 
o lado sagrado da casa, doce o mel para o leite quente, 
o beijo inocente da carga gostosa na vila verde vegetal, 
as casas e os lotes todos alinhados como palavras novas 
junto ao mar imenso como o amor entre dois continentes. 
só vejo a distância e choro os folhos do vestido rodado, 
princesa negrita todo o dia de sol. 
  
José Gil

Sem comentários: