(Não sei precisar o tempo. à minha mulher linda em tarde de Sol de
verão na Damaia)
“el día se va despacio,
La tarde colgada a um hombro,
Dando una larga torera
Sobre el mar y los arroyos
Las aceitunas aguardan
La noche de Capricornio”.
(Federico Garcia Lorca)
A poesia encostada ao ombro, José quem
eras tu?
não sei precisar o tempo de amadurecer
num poema
sei contudo o tempo breve das tuas
pernas nas minhas
voamos o tempo constrói o templo
feminino das águas
livres como o mel das boas criadoras do
humido das abelhas
em cada
favo dourado aberto ao sol do paraíso,
alguém canta jazz
no café da esquina ao vento a tardinha
de Florbela na Amadora
e tento dar-te a mão na calçada para
casa
beijo-te na orelha o segredo da noite entre rosas de paixão
contra o cacto da solidão toca-te e eu quente desenho o que
o poema não transporta nas pontes das pernas
José Gil
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