quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Crash 18



(trabalho de ed ruscha, "stains, hollywood, heavy industry publications", 1969)


dai-me o mar, a fonte onde ninguém fala dela
uma espada de pedra, um rio, as asas da águia
dentro da caixa amarela do coração – olha a
bolha clara da claridade, oceânica, como o vento
leste, onde a pedra toca o luar de sangue seco
o caminho, com ele beberei a ferida, dói, chega o amor
o claro do dia por ninguém saberei ainda hoje unir
o manto do céu aos teus seios negros dos oceanos

lá no músculo toca-te a harpa do sol, doce e azul
crash, uma descoberta muito nova onde a lua fere
as estrelas e os teus limbos têm rios e mares no denso
nevoeiro – que a matéria dobre o espaço e o corpo
em dois – segura o coração no lugar da árvore
o texto – à tua porta do meu amor onde as moças
correm entre as saias e o sol duro da cal na pedra

José Gil

Sem comentários: