sábado, 3 de janeiro de 2009

Crash 6: Sevilha



(escultura de sylvie fleury, "pink popcorn", 2008)


Vem do lábio todas as infinitas palavras, as
laranjas, as laranjas de Dezembro, as laranjeiras
em que tudo se perde no aroma das Praças de Sevilha
como um lugarejo de tapas.

Vem do lábio e chega e do lábio parte branda como
as faúlhas no caminho das grandes avenidas. Tudo rebenta
na tua frente, frente aos teus seios em cone de pêra.

Vem do lábio onde a fome do vidro a fome do espelho
espera o teu cabelo crespo, junto à fonte, a paixão é
o grande lago, é claro que todos têm razão, eu
estava a exercer pressão sobre as palavras e as sílabas

a página actual tem a madeira leve onde se escreve crash
com o teu perfume de vento sobre e por dentro das laranjeiras

escrever é uma simplicidade como comer uma laranja
nuvens possíveis no regresso a Lisboa, entre a nuvem e
o cinto da superfície, a textura da casca e suas linhas de vento

caminho errante, o sono não reunido num só nó.

jorge vicente

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