quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Crash 28



(pintura de hans gustav burkhardt, "untitled (hb-048)", 1972)


o vaso sagrado da arte, engulo o sol, de argila a mãe
estratégia de mosca, do olhar estereoscópico e do voo
contra todas as sombras, adivinhas, chamam-me velho,
corpo estancado entre o coração e os pulmões, ofereço-me
para o último turno, antes e depois do terramoto o brilho
que faz o vaso sou espectador e actor deste caso
mastigo os morangos no vaso, engulo a argila na estátua
da minha mãe, teatros desacertados, levo-te a máscara quando
passeias na linha do Mondego na tua bicicleta azul de
verdura , como se fossem milhões - olho-te de novo
nas vielas – tu dentro do dia do corpo – negra e quente, magra
com leite, vamos, avança na terra que brilha desde
a criação do poema único,denso,na espessura vegetal, branca

José Gil

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