quarta-feira, 8 de junho de 2016

Alma combinatória

à minha esposa linda e jovem, Solange escritora


há na pedra portuguesa em que me dói pisar
um tanto de gozo e outro de sangue, como o ventre
um desassossego de paixão calado e tímido por ti

há na alma intercontinental em que me deito
um eterno quê de pedra e de fado como se de
reza fosse o meu destino por entre as pernas
resguardando cada um dos meus pecados

toca como as pedras macias todo o corpo quente
de mel 

há na pedra portuguesa em que vive o meu ventre
um luar de Brasil outro de música ou na fresta de uma
pátria repartida na língua bem longa do prazer 

há um mundo tão cobarde em que me perco do 
enamoramento constante em que uma rima ou métrica
é inventada, cada vez mais depressa, cada vez mais lenta
uma alma brava

há em meu corpo um sim sempre presente
que insisto em fazer de minha estrada

ou um não de romãs para mudar tranquilamente 
de estrada da alegria amada

José Gil
 
(revisto a 2 de Janeiro de 2016)

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