terça-feira, 7 de junho de 2016

Poema 118 de amor

Tangerina

 à minha namorada linda Solange


 
Um escritor cresce com o suor dos defeitos amados
E a sensação do tempo, sempre pouco tempo para
Seleccionar as folhas que o escritor escreve no mato grosso
Da relva da manhã a nascer do ventre erótico da madrugada

Cinco horas para o primeiro comboio de beijos no umbigo
Vou para Praias do Sado de comboio todos os dias
Se não fosse professor seria actor ou poeta tangerina não
Uma laranja mecânica como o filme do amor rápido
à primeira vista, num ritmo de gentileza trocam-se emails
Em Serpa literária terra do húmus que cresce quando cala
A boca o escritor, na tinta que falta e num berro d’água
Assim escrevo não dormindo no teu corpo de gazela, leio,
Lindo quadril de égua selvagem e feliz na floresta e no lago

São as três ocupações do professor e do poeta ler com
Alegria e escrever com consolação abaixo do ventre

Um poeta trabalha no sol energético
Paixão de ar e lua, fogo e água como
Eurípedes e Aristófanes as aves lutam
Contra as regressões o poeta ama a verdade
Pura e sagrada do teatro do vazio poético
O poeta nunca se revela nu, escrever é como
Construir a máscara com ou sem máscara
No rosto do actor que esconde e mostra como pera
Rocha e abóbora no forno todos os dias em jejum
Serei irmão de todos os meus irmãos como o
Azeite e o vinho num sangue puro sem raiz

O escritor canta até doer as mãos e sonha com o seu amor
E sonha com uma mudança no novo ano numa ladeira em
Azulão

O poeta subirá a montanha para ficar limpo em oração
Com a sua namorada esperará pelo Messias

Dezembro/Janeiro - 2008

José Gil

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