segunda-feira, 20 de junho de 2016

Poema de amor 30

Mãe, é sempre a noite que temos mais medo como quem
apanha amoras e folhas de amoreira na Av. Grão Vasco.
não passa ninguém, não há ruído mas tudo é frio e solitário.
como te explicar o desemprego a crescer na nossa mátria,
mãe – há senhores que guardam relíquias de outro tempo,
é o primeiro de Maio, estamos livres mãe e temos medo.
as casas não se iluminam e a música é alta e clássica

Mãe, temos que ser eruditos, falar das calçadas do sol
ao rato e procurar outros sonhos para esta noite branca.
Lisboa só começa dentro de cinco horas em ponto,
o bicho da seda é um monstro  quando crescemos e o
casulo não é o que desejamos muito menos a borboleta
dos poemas, esse ritmo de imagens em ruptura, umas
com as outras no corpo interior sem espelhos.

José Gil

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