segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Crash 23




(escultura de juan muñoz, "many times", 1999)


“O espaço humano começa com
o pensamento dogmático,
que é a religião e termina
no pensamento completamente livre ,
que é a arte”

(Leonardo Coimbra)



Restos faunísticos onde se reúnem os vestigios das ânforas
Tu vais jogar comigo, tu vais aprender o ciclo do fruto
Oh! pai que me ensina tudo, agora até o céu para eu aprender
a escrever, nuvem sim, nuvem não, estrela sim, estrela sim,
Quem é o meu próximo, nos pavimentos de Alcáçovas nas
ruínas onde se desenvolve o gemido, grita no cárcere, é burlesco
nos relógios da história como o resto do mundo, o qual morreu
na zona paladina tiraram-lhe os bandidos da serra morena
na época do ferro islâmico na paisagem revelada num silêncio
de pedra nas festas da cidade – eis o lugar, o centro do verão

o teu rosto faz-se na palma da minha mão como o ângulo da
felicidade onde destaco o interior aberto no núcleo museológico
do eu convexo e jovem, pedra harmónica do mestre como outro
na sala da cisterna, na sala das colunas na tua predisposição inócua
através da luz num processo iniciático de apaixonadamente dito

José Gil

1 comentário:

Anónimo disse...

conforme já o manifestei na lista "Escritas", creio que este é, até agora, o melhor de todos os teus poemas "crash". e não posso deixar de destacar, uma vez mais, esta imagem, que considero absolutamente genial: "num processo iniciático de apaixonadamente dito".
um beijo, poeta, e bravo!
Alexandra