domingo, 4 de janeiro de 2009

Crash 7: Beijo Único, Todo



(instalação de sylvie fleury, "untitled (ô)", 2008)


pode ser feito por duas dez ou cem pessoas de cada vez
construindo mundos virtuais interactivos, pode ser
semente, crash, arrastar e largar a língua, desfrutar
compacto, volumoso mastro, pode abrir as portas de som
e de luz elemento prenhe – nas sombras que se lêem -
um diálogo assombroso, pode a faúlha tocar o mamilo
amar o mar, o sabor a pão, o beijo, o turbilhão, será
que te mereci o beijo rápido, os beijos ainda não dados
são cordas, sorvos vibram sempre entre mim e ti como
o músculo na coragem da intimidade pontual a cada braçada
na tua anca nua, segura-me as mãos, o corpo limpo da pedra
na videira, na rede da vinha, segura-me no turbilhão de te
ter real e toda, eu sou de madeira e choro, o pó, vinho
contido no teu gargalo como as minhas guelras vivas de
te cantar a cantada – o fado – bebo o amor pelos teus
ombros, entrar no fundo, abre o cimo, a superfície com
textura de cabelo e papel e precipito sempre estas letras
longas, grossas, quentes, verticais nas linhas do vento,
assombroso o corpo dilata por ti no meu pensar seco, já.

José Gil

2 comentários:

Anónimo disse...

esta colecção de poemas, ou prosas poéticas, cai-nos, de facto, no espírito com o impacto e a ressonância de um "crash"... mas no melhor dos sentidos, que é o da impressão de se ter sido "atingido(a)" por uma criação poderosa, como uma força da natureza. que bela ideia, juntar estes e os "crashes" dos outros poetas amigos e excelentes num livro!
beijo,
Alexandra

compliicadiinha disse...

endereço novo lindo! :)~

http://bjomeligaqeeuganhobonus.blogspot.com