terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

como se chama este poema 20



(pintura de joaquín torres garcía, "estructura animista", 1933)


"Torres-Garcia - Uma torre branca,
negra, cinzenta, azul cobalto,
vermelho, terra, escadas e relógio,
um mundo severo e alegre um
mundo onde entrei em 1929
e onde ainda hoje continuo a morar"

M. Helena Veira da Silva
in Catálogo exposição 1975

onde estão os nossos afectos, eu queria crescer
pelo menos a reconstrução da flor do eu
na cicatriz do nosso barco, não falo por retorno
identifico-me com o silêncio do desconforto
vejo porque não é bom ver sempre é como
estar zangado. ver apenas. olho através do vidro
e erro cada vez mais no amor cor de rosa
intermitente, nos primeiros dias em cristal azul

falamos no namoro só de coisas quando
éramos pequeninos, estou apaixonado e falo
vezes de mais. olho através do deserto, deixo de ver
nos percursos alternativos - uvas rosas - entre o
o medo e o prazer, quero conhecer-te melhor

engulo, engulo antes do crash no desenho da
guerra, uma torre cor de cobalto, sombra

José Gil

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