domingo, 22 de fevereiro de 2009

como se chama este poema 24



(fotografia de kenro izu, "#1155B", s/d)


abre-se a porta de alconchel, à espera da água

a história dessa figura nebulosa, era o momento em que ela
sem olhos e com a face no teu colo decide cobrir o altar de
pedra branca – um pelicano – o viajante entre a pele e a
textura da pele, um agudo gemido feminino e felino arcaizante

“Alentejo não tem sombra / senão a que vem do céu” [1]

linda romeira, a saia levava em cerâmica pífia na planura
na atracção da superfície numa escadaria de sol, rente às veias
escrita de atenuada por montículos irregulares dos teus seios
no vasto lençol de água o povo uniu as pernas num tempo vazio


José Gil


[1] Mário Ventura

1 comentário:

Anónimo disse...

Como nos seria útil usufruir de um tempo vazio nas malhas do quotidiano. Valem os momentos poéticos para o alimentar.

Agora será mais fácil acompanhar a inspiração que por aqui se respira.

Obrigada(=