segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

como se chama este poema 26



(pintura de eugène louis boudin, "le havre, le bassin du commerce", 1891)


Partir, parte a crosta da pátria

“mãe vim só para te ver a vela"
a noite vela por todos os barcos
e na sua alma guarda o outono
que não tem volta
de oculta este inverno tem mais
pobres que folhas na malha branca
levamos a correr “cidade minha”
bosque meu “louvo (…) a nascida
no morro Cara de Cão [1]” o silêncio é
peso de Deus

a lesma e o muro descem na barba rala
do poema no poente ao dragoeiro
entre azinheiras bichosas que a terra
recebe e as árvores nascem transparentes

José Gil

[1] Manuel Bandeira

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