sábado, 26 de março de 2016

Prometes amar-me sempre

(à minha esposa linda nestes dias aqui e lá de chuva, Solange)


eu escrevo-te a quarta libertação à tardinha de sábado poema sem telefone,
uma fantasia do primeiro dia do tempo e do mar vegetal como o teu corpo no
teu umbigo de algas, meio aberto ao licor do Porto, dança amor, liberta a brisa
da saia rodada nos corredores dos jardins da casa onde chove como aí, é bom
sentir este assentar de pó esta água do céu leve na face dos lábios amor   sempre
primeiro que em tudo aberto   tão cedo o que é vivo encarna por dentro quando
muda a hora intacta da memória, menos uma hora intacta da carne rosa   vivo
vencido pela paixão fico em casa e escrevo   como é estranho na sensibilidade
da pele às paredes brancas da casa pintada para ti para o enamoramento
cristalino dos mamilos no chão desta mesa grande onde te escrevo para que
cercada pelo computador sejas minha, este é o canto do amor   prometes em
Agosto na mudança diária dos lençóis de linho cor de pele antes do sol de verão
quero os seios puros e concretos na palpação das mãos da manhã, só o teu céu
saúda os cabelinhos e num gesto fino ficas sem dedos são os tendões da acção

José Gil

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