terça-feira, 26 de julho de 2016

Poema de amor

(à Solange meu amor e a Artaud, meu mestre
 
" (...) Por detrás da poesia do texto, está a poesia pura
 sem forma e sem texto. (...) Não se trata de suprimir a
 palavra articulada, mas de conferir às palavras, aproximadamente
 a importância que têm os sonhos..."
(Antonin Artaud)
 
 
hoje gostaria de não escrever, descansar nos teus quadris
bem frente à baia de Cascais para o café da manhã
um batido de sementes de linhaça e manga com limão
leite de soja, Kiwi, beijos e um abraço profundo
 
está escuro no intervalo das horas da madrugada e chove
 
para lá do oceano chegam os aviões como aves raras
de quem pode voar a mais pura das graças de continente
em continente, ferve límpido agora o dia, passam as horas
como as palavras, beijo-te as ancas no lugar da floresta
sem ver a árvore, vejo os pássaros, ainda falta para Julho,
 
para bater na pedra fina. Para rolar o corpo na areia.
Cascais é uma cascata verde e azul bem junto ao Guincho.
Só o vento escreve o alfabeto dos escritores da manhã
 
José Gil

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